O texto evangélico narra-nos, a seguir, um tal tormento do rico entre as chamas eternas, que uma simples gota de água seria suficiente para lhe refrescar a língua. Um abismo separa os dois mundos, o Céu do inferno. Será esta tragédia real?
A revelação é abundante nesta matéria: ”Qual de nós poderá habitar no fogo devorador, nas chamas eternas?”
O Evangelho nos fala quatorze vezes sobre o inferno com expressões categóricas como estas: “fogo inextinguível”...O seu verme não morre e o fogo não se apaga...” ...e lançá-los hão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes”. E o apocalipse: “Serão lançados vivos num abismo abrasado de fogo e enxofre para ser atormentados noite e dia por todos os séculos e séculos”.
Será que nem assim você acredita? Tá nem aí pra Deus e nem aí pro inferno?
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas (16,19-31):
“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que, coberto de chagas, estava deitado `a sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as feridas.
Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos Anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado.
Quando estava nos tormentos do inferno, levantando os olhos viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. Então exclamou: “Pai Abraão, compadece-te de mim, e mande Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nestas chamas”. Abraão disse-lhe: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males; Agora é ele que é aqui consolado enquanto tu és atormentado.
Além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí podem passar para nós”.
O rico disse: “Rogo-te, pois, ó Pai, que o mandes à minha casa paterna, pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar neste lugar de tormentos”.
Abraão disse-lhes: “Eles tem Moisés e os profetas, que ouçam-nos”. Ele, porém, disse: “Não basta isso, pai Abraão, mas, se alguém do Reino dos mortos for ter com eles, farão penitência.”
Ele disse-lhes: “Se não ouvirem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.
São João da Cruz, felicíssimo em sua considerações acerca deste trecho do Evangelho, ponderou o seguinte:
“Meus filhos, se vísseis um homem fazer uma grande fogueira, empilhar pedaços de lenha, uns sobre os outros e, perguntando-lhe o que estava fazendo, ele vos respondesse: “Estou preparando o fogo que me deverá queimar”. Que pensaríeis? E se vísseis este mesmo homem aproximar-se da fogueira já acesa e atirar-se nela...que diríes?
Cometendo o pecado, é assim que fazemos. Não é Deus que nos lança nos inferno, somos nós que nele nos lançamos pelos nossos pecados. O condenado dirá: “Perdi a Deus, minha alma e o Céu; foi por minha culpa, por minha máxima culpa!”
Elevar-se há do braseiro para tornar a cair nele...Sentirá sempre a necessidade de se elevar, porque era criado para Deus, o maior, o mais alto de todos os seres, o Altíssimo...como uma ave num aposento voa até o teto que detém os condenados.
“Adiamos a nossa conversão para a hora da morte, mas, quem nos assegura que teremos o tempo e a força nesse momento terrível, receado por todos os Santos, quando o inferno se congrega para desferir-nos o último assalto, vendo que é o instante decisivo?”
Muitos há que perdem a fé, e só crêem no inferno, nele entrando.
Não, sem dúvida, se os pecadores pensassem na eternidade, nesse terrível sempre, haveriam de se converter imediatamente.
Quantas vezes o rico, narrado no Evangelho, não deve ter sentido, dentro de si, a voz da consciência recriminando-lhe o apego desregrado pelas roupas, pelos prazeres excessivos da mesa e, sobretudo, pelo dinheiro! Lázaro à sua porta era um dom de Deus, estimulando-o à pratica da caridade e, ao mesmo tempo, à compreensão do vazio das criaturas. Mas ele preferiu os bens deste mundo a ponto de dar as costas a Deus.
Se achas que vale a pena estar “nem aí para Deus”, boa sorte.
Veja agora o que nos fala a banda americana de heavy metal White Cross sobre o assunto, com a música “No second Chances”: