quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

NEM AÍ PARA DEUS, NEM AÍ PARA O INFERNO

O texto evangélico narra-nos, a seguir, um tal tormento do rico entre as chamas eternas, que uma simples gota de água seria suficiente para lhe refrescar a língua. Um abismo separa os dois mundos, o Céu do inferno. Será esta tragédia real?

A revelação é abundante nesta matéria: ”Qual de nós poderá habitar no fogo devorador, nas chamas eternas?”

O Evangelho nos fala quatorze vezes sobre o inferno com expressões categóricas como estas: “fogo inextinguível”...O seu verme não morre e o fogo não se apaga...” ...e lançá-los hão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes”. E o apocalipse: “Serão lançados vivos num abismo abrasado de fogo e enxofre para ser atormentados noite e dia por todos os séculos e séculos”.

Será que nem assim você acredita? Tá nem aí pra Deus e nem aí pro inferno?


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas (16,19-31):




“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que, coberto de chagas, estava deitado `a sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as feridas.

Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos Anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado.


Quando estava nos tormentos do inferno, levantando os olhos viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. Então exclamou: “Pai Abraão, compadece-te de mim, e mande Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nestas chamas”. Abraão disse-lhe: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males; Agora é ele que é aqui consolado enquanto tu és atormentado.

Além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí podem passar para nós”.

O rico disse: “Rogo-te, pois, ó Pai, que o mandes à minha casa paterna, pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar neste lugar de tormentos”.

Abraão disse-lhes: “Eles tem Moisés e os profetas, que ouçam-nos”. Ele, porém, disse: “Não basta isso, pai Abraão, mas, se alguém do Reino dos mortos for ter com eles, farão penitência.”

Ele disse-lhes: “Se não ouvirem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.


São João da Cruz, felicíssimo em sua considerações acerca deste trecho do Evangelho, ponderou o seguinte:

“Meus filhos, se vísseis um homem fazer uma grande fogueira, empilhar pedaços de lenha, uns sobre os outros e, perguntando-lhe o que estava fazendo, ele vos respondesse: “Estou preparando o fogo que me deverá queimar”. Que pensaríeis? E se vísseis este mesmo homem aproximar-se da fogueira já acesa e atirar-se nela...que diríes?

Cometendo o pecado, é assim que fazemos. Não é Deus que nos lança nos inferno, somos nós que nele nos lançamos pelos nossos pecados. O condenado dirá: “Perdi a Deus, minha alma e o Céu; foi por minha culpa, por minha máxima culpa!”

Elevar-se há do braseiro para tornar a cair nele...Sentirá sempre a necessidade de se elevar, porque era criado para Deus, o maior, o mais alto de todos os seres, o Altíssimo...como uma ave num aposento voa até o teto que detém os condenados.

“Adiamos a nossa conversão para a hora da morte, mas, quem nos assegura que teremos o tempo e a força nesse momento terrível, receado por todos os Santos, quando o inferno se congrega para desferir-nos o último assalto, vendo que é o instante decisivo?”

Muitos há que perdem a fé, e só crêem no inferno, nele entrando.

Não, sem dúvida, se os pecadores pensassem na eternidade, nesse terrível sempre, haveriam de se converter imediatamente.

















Quantas vezes o rico, narrado no Evangelho, não deve ter sentido, dentro de si, a voz da consciência recriminando-lhe o apego desregrado pelas roupas, pelos prazeres excessivos da mesa e, sobretudo, pelo dinheiro! Lázaro à sua porta era um dom de Deus, estimulando-o à pratica da caridade e, ao mesmo tempo, à compreensão do vazio das criaturas. Mas ele preferiu os bens deste mundo a ponto de dar as costas a Deus.

Se achas que vale a pena estar “nem aí para Deus”, boa sorte.

Veja agora o que nos fala a banda americana de heavy metal White Cross sobre o assunto, com a música “No second Chances”:

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DIGNO É O CORDEIRO

João Batista, ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

A natureza do acontecimento pede outra expressão; é preciso dar a conhecer Aquele que já lá está, explicar porque é que Ele desceu dos céus e veio até nós. É por isso que João declara: ”Eis o Cordeiro de Deus”.

O profeta Isaías já no-lo tinha anunciado ao dizer que Ele era “como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador” (Is 53,7). A lei de Moisés tinha-o prefigurado, mas só previa uma salvação incompleta e a Sua misericórdia não se estendia a todos os homens. Ora, hoje, o verdadeiro Cordeiro, representado outrora pelos símbolos, a vítima sem culpa, é levada ao matadouro.

Foi para banir o pecado do mundo, expulsar o Exterminador da Terra, destruir a morte, morrendo por todos, quebrar a maldição que nos afligia e PÔR FIM a estas palavras: “TU ÉS PÓ E AO PÓ VOLTARÁS” (Gn 3,19). Tornando-Se assim o segundo Adão, de origem celeste e não terrestre (cf 1Co 15,47). Ele é a fonte de todo o bem para a humanidade, o caminho que leva ao Reino dos céus. Pois um só Cordeiro morreu por todos, recuperando para Deus Pai todos os rebanhos que vivem na Terra.

“Um só morreu por todos, para todos submeter a Deus; Um só morreu por todos para ganhar a todos, para que, desde então, todos os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Cor 5,14-15).

Portanto, digno de adoração é o Cordeiro. É o que proclama a banda finlandesa "Scandinavian Metal Praise":


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

AMIZADE: UM EXERCÍCIO DE AMOR

O ser humano é gregário, isto é, precisa conviver em grupos e se sentir amado, acolhido e valorizado. Somos mais felizes quando estamos próximos de quem nos proporciona estes sentimentos. A palavra que traduz bem isso é “pertencimento”. O intercambio nas relações de amizade é salutar.

Desde a infância temos a necessidade de acolhimento. A carência deste sentimento pode trazer questões com depressão, tristeza e solidão.

O convívio social é um exercício de amor. Procurar hobbies e desenvolver laços de amizade com pessoas que compartilham os mesmos interesses é um bom caminho.

Buscar o que dá prazer e dividir isso com amigos é muito importante.
O prazer que sentimos quando somos generosos com os outros é indescritível.

Por Karina Haddad Mussa, psicóloga

Amigos serão sempre amigos, já cantava a lendária banda “Queen”

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A MANIFESTAÇÃO DO SENHOR

Ainda não se fechou totalmente o ciclo do Natal, pois, alcança ainda um novo ponto culminante na liturgia do dia 06 de Janeiro. A festa deste dia ocupa, na Igreja Oriental, o lugar que o Natal ocupa entre nós. Trata-se da celebração de uma grande idéia: A Manifestação ou “Epifania do Senhor”.

A Festa que a Igreja celebra tem o nome de Epifania, isto é, aparição do Senhor, por apresentar-se nos três grandes mistérios em que Jesus Cristo se manifestou ao mundo como Filho de Deus e Salvador do gênero humano.

O primeiro destes mistérios é a adoração que os três Magos prestaram ao Menino, em Belém. O segundo é o Batismo de Jesus Cristo no Jordão, ocasião em que o Pai celeste fez a apresentação de seu Filho, dizendo: “Este é meu Filho mui amado, em quem pus minha complacência”. O terceiro, finalmente, é a transformação da água em vinho, milagre que Cristo fez, por ocasião da bodas de Caná, para manifestar aos discípulos sua missão messiânica.



Logo após seu nascimento no estábulo de Belém, Jesus Cristo quis manifestar-se aos judeus e aos pagãos. Aos pastores, que estavam nos campos vigiando os seus rebanhos, enviou uma mensagem celestial, por intermédio dos Anjos, que lhes anunciaram o grande acontecimento, dizendo: “Não tenhais medo, anuncio-vos uma boa nova, que há de ser para todo o povo, motivo de grande alegria! Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é o Cristo, nosso Senhor” (Lc. 2,10). Aos pagãos do Oriente mandou a estrela maravilhosa, a anunciar-lhes o aparecimento daquela estrela profetizada por Balaam, nas palavras: ”Uma estrela sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que esmagará os príncipes de Moab”.

Os pagãos bem conheciam esta profecia, e ansiosos estavam pelo aparecimento da estrela preconizada. Afinal, a viram surgir. Sobressaindo-se entre as outras, pelo brilho e posição extraordinários, chamou a atenção de três homens, conhecidos por Gaspar, Melquior e Baltazar ou, como a Bíblia os intitula: os três Magos do Oriente.

Iluminados por luz divina, conheceram no aparecimento da estrela, o sinal indubitável do cumprimento da palavra profética de Balaam, e sem demora, trataram dos preparativos da viagem, que os levasse à presença do rei dos judeus recém-nascido. A estrela servia-lhes de guia. Seguindo-a sem desfalecimento, chegaram a Jerusalém.


É fora de dúvida que os Magos tenham comunicado aos súditos o aparecimento do Salvador e com eles se tenham convertido à religião de que se confessaram fiéis discípulos até o fim da vida.

Um autor antiqüíssimo, na explicação que faz do Evangelho de S. Mateus, diz que o apóstolo Tomé os batizou na Pérsia e com eles milhares de súditos. Uma tradição existe, segundo a qual as relíquias dos Magos foram transportadas para Constantinopla, e de lá passaram para Milão, de onde, no século 12 o imperador Frederico Barbaroxa as trasladou para Colônia, em cuja majestosa Catedral são até hoje veneradas.

Os três Magos são, com toda razão, chamados as primícias de nossa fé, e sua festa é digna de ser celebrada com a maior solenidade, em sinal de alegria, por Deus ter chamado também os pagãos, ao conhecimento da religião de seu Filho Unigênito.

É um benefício imenso que Deus nos tenha chamado à existência num tempo e numa terra onde reina a verdadeira religião. Milhares e milhares de homens e mulheres não têm esta felicidade. Quantos milhões ainda são pagãos?

Agradecemos, portanto, de todo coração a Deus a graça desta nossa vocação cristã e esforcemo-nos por tornar-nos cada vez mais dignos da mesma.  

Pelo Pe João Batista Lehmann

Epiphany é também a faixa que dá título ao álbum da banda paulistana “Eterna” gravado em 2004 que, aliás, foi considerado um dos quatro melhores álbuns de heavy metal brasileiro daquele ano.